280 produtores de cacau do ES tentam renegociar dívidas com MDA

Cacau no norte do ES tenta deixar a crise
JBO

Produtores de cacau do norte do Espírito de Santo estão tentando renegociar suas dívidas, com o auxílio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). São 280 famílias dos municípios de Sooretama, Linhares e Bananal que sofrem com o surgimento de um fungo que tem atingido as lavouras. O Ministério e associações de produtores da fruta se reuniram para estudar um tempo maior para os agricultores familiares quitarem suas dívidas.

O delegado federal do MDA no Espírito Santo, Josean de Castro Vieira, explica que a renegociação é necessária devido ao fungo, conhecido popularmente como vassoura-de-bruxa, que destruiu a plantação da fruta e deixou os produtores da região norte do estado sem sua principal fonte de renda.

“Eles vão ter que retirar todos os pés de cacau que ficam embaixo de outras árvores. Os agricultores não conseguem produzir outra coisa. Mesmo se produzissem, demoraria muito para recuperar, porque não há nada que eles possam plantar rapidamente embaixo da mata. Estamos buscando caminhos para que eles consigam pagar a dívida”, disse o delegado.

Segundo Josean, a maioria dos agricultores acessa o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), valores que variam entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, ou mais. A proposta é que haja um tempo de carência maior, entre oito e dez anos, para que a dívida de cada família seja revista. “Essa reunião é para identificar, claramente, o que podemos fazer e para analisarmos o tempo que é preciso para recuperar a lavoura.” A ideia é que seja publicada uma normativa específica para esses agricultores, a fim de que as instituições financeiras alonguem o crédito e assegurem um tempo aos produtores de repor a lavoura com um cacau mais resistente à doença.

Para que isso aconteça, os agricultores precisam de um laudo técnico que comprove em quanto tempo eles terão condição de voltar a produzir e começar a pagar a dívida. “O caminho que a gente achou foi essa instrução normativa especial para que os bancos deem um tempo de carência maior, porque não existe essa linha de carência e nem esse crédito para renovação de lavoura. Falta só o laudo técnico que tentaremos construir na reunião. A intenção é que eles peguem um novo crédito, renegociem a dívida anterior e substituam a lavoura de cacau”, aponta Josean.

Esperança - Pouco mais de 130 produtores de cacau estão cadastrados na Associação de Produtores Rurais de Perobas, Bananal do Sul e Adjacentes (Aproeba), no Espírito Santo.  A maioria ficou prejudicada com o fungo e perdeu toda a plantação, única fonte de renda. O presidente da Aproeba, Wilson Ferreira, 70 anos, é um deles.

“Essa é a primeira vez que um problema como esse acontece, não temos mais solução nenhuma. Eu vendia, em média, 350, 400 sacas de cacau por ano. Em 2013, vendi apenas 38”, lembra Wilson. Mas o agricultor se mostrou animado com a possibilidade da renegociação e assegura se empenhar para voltar a produzir o cacau. “Eu tinha uma reserva, que minha família e eu fomos usando e hoje não temos mais. Queremos essa renegociação para poder trabalhar novamente, plantar tudo de novo. Se der tudo certo com esse novo crédito, ficarei muito motivado”, adianta.